O jogo de ontem consagrou o Ceará como campeão da Copa do Nordeste. Duas conquistas invictas e ambas sobre o mesmo adversário. Um diamante quase lapidado direto nas mãos de um(a) cronista esportivo. O único impasse foi a disposição das duas equipes nessa última partida.
Não é difícil de entender o time que, tendo construído uma boa vantagem no primeiro jogo de uma final, seja mais tímido no ataque do segundo duelo, que deixe o rival jogar, forçando e aproveitando-se dos seus deslizes. Porém, a opção pela cera, essa eu nunca irei entender. Desde o primeiro tempo, o Ceará deixava claro que precisava vencer o relógio, e não o Bahia.
O Tricolor de Aço poderia se aproveitar disso para abrir o placar, ficar a um gol de levar a disputa aos pênaltis e incendiar a partida. Era a esperança dos torcedores da equipe e de todos aqueles que assistiam só pelo espetáculo. Mas não foi isso que aconteceu. Nem mesmo o retorno de Rossi ao time principal, clamor da torcida, deu ao Bahia mais criatividade para furar a organizada defesa do Ceará.
Não vou aqui entrar na discussão do pênalti. Que pode ou não ter acontecido, que poderia ou não ser convertido. De todas as incertezas da noite de ontem, a maior é: o que será da temporada do Bahia? O time que entrou como favorito na maior competição regional do país, sai dela com frustração e preocupação. O culpado disso? Guto Ferreira. Um tempo de jogo foi suficiente para plantar a semente, para conquistar um título e instituir dúvidas.
Em 2018 Guto foi demitido do Bahia, saiu por não mostrar resultados Brasileirão. Em 2020 ele assume o Ceará com todos os campeonatos parados devido uma séria pandemia. Quase quatro meses depois, faz sua estreia com uma goleada (5×0) no estadual. Na sequência perde um Clássico Rei, mas tem a chance de revanche numa semifinal de Copa do Nordeste. Vence o favoritismo e a postura esnobe do Fortaleza. Vai à final e, jogando em solo baiano, destrói a principal força do estado num jogo, em um segundo tempo.
Amigos, o Bahia que saiu daquele jogo nunca mais será o mesmo. Não foi o mesmo ontem, quando a necessidade de fazer gols era nitidamente ofuscada pelo medo de outra derrota. O tricolor foi diferente quando fez uma substituição radical, tirando um zagueiro para colocar um atacante. E se o Bahia do começo da temporada se reencontrar para esse início de Brasileirão, acreditem, terá sido também pelo impacto daqueles 54 min.
O trabalho de Roger Machado começou a ser questionado agora, horas antes de outra decisão, dias antes do começo do campeonato Brasileiro. E do outro lado, “Gordiola” é só sorrisos! Conseguiu vencer todas as previsões e trazer resultados em tempo recorde. Estadual virou detalhe, Brasileiro parece uma boa oportunidade. Nada como um ou dois anos após o outro…